11luas

Espaço de interação sobre o Belo e o Sublime, aventuras, arte, poesia, romance e espiritualidade. Tudo é bem vindo desde que seja para compartilhar a beleza e o 'algo mais' do existir.

domingo, agosto 08, 2010

Ma chérie Ihitza Parot

Querida Ihitza, hoje a luz do sol trouxe um novo frescor aos meus olhos. Abri-os devagarinho, pouco a pouco, com cuidado, estupefato com a beleza destes primeiros raios, que atrevidos, ignoraram a janela que os afastava de meu escuro quarto. E qual minha surpresa, ao olhar-me no espelho, cara toda amassada, e perceber que um rosto lindo que há muito não vejo, estava ali, parado a contemplar-me... E desse rosto, vi escapar um sorriso tímido e uma piscada... um sorriso tão partícular, que só mesmo uma grande paixão para eternizá-lo na alma e na lembrança... Eras tu, Ihitza! E com seus cabelos castanhos, quase negros, como moldura para esse rosto tão teu, senti-me por frações de segundo, apoiar-me em teu ombro, qual criança no colo de mãe. Abri o chuveiro e no meio da água cristalina que em meio aos flashes da luz do sol, meu corpo envolvia, continuei com a sensação de que me observavas... E te devolvia meu melhor sorriso. Aquele sorriso, como o teu, azul e quase tímido... Ao vestir-me, respirei fundo e resolvi que guardaria essa visão por todo o sempre no meu coração. Desliguei. Concentrei-me nas mil coisas que pretendia fazer e acabei por não fazer. Busquei como um desesperado aquela carta que me escrevestes, assim que retornei ao Brasil. Nem a carta. Nem os e-mails, que desde 2003 compartilhamos. Nada encontrei. Misteriosamente desapareceram. Fui ao Google e nada. Facebook? Nada. Nenhuma pista de onde possas estar. Mas eu sou persistente. Não desistirei. Talvez você precise de um outro sorriso de volta, de um abraço, de um beijo, de uma palavra, de um gesto meu. Lembra de como nos conhecemos? Num lugar mágico, chamado O Cebreiro, no meio das encantadoras e surreais montanhas de O Courel e os Antares, na Galicia. Era uma noite fria. Chuvosa. De estrelas cadentes a rasgar o céu daquela parte tão linda da Espanha, tão logo cessaram as lágrimas de Netuno. Nos envolvemos e nos acolhemos um no outro como se a vida toda estivéssemos ao lado do outro. Mas a força de nossos sonhos e a energia de nossos espíritos, nos levaram para outras direções. Eu para o Portugal de Maria João. Tu, para os braços e abraços de outros homens. Eu para o Brasil em anos seguintes. Tu para Toulouse e Egito. História & Civilização com as crianças fostes compartilhar. Espanhol & Português para Estrangeiros vim aqui nestas terras austrais, ministrar. Professores? Educadores? Afinal, o que somos? Aprendizes, ouso dizer – inclusive por ti. Somos aprendizes eternos. Uma raça diferente de aprendizes, é bem verdade... Apaixonados, loucos, enamorados, inquietos, boêmios, artistas, artesãos de mileum ofícios... E assim caminhamos. Evoluímos. Buscamos. Hoje mais do que nunca estamos próximos. Estejas onde estiveres, receberás meu canto e meus versos. Meu abraço e meus beijos. Meu carinho e minha atenção. E olha, nem em francês, nem em espanhol, nem em portugués de Portugal. Em verdade, sinto-me estimulado e atiçado para escrever-te em Português do Brasil. Au revoir! Bisous & besos & beijos. “Ad infinitum...”

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