Voar Voar Voar
Ma Chérie,
Espaço de interação sobre o Belo e o Sublime, aventuras, arte, poesia, romance e espiritualidade. Tudo é bem vindo desde que seja para compartilhar a beleza e o 'algo mais' do existir.
Dear Lana,
Mon Dieu!
Lolô, Penélope, Wendy
definitivamente,
descobri neste entardecer aqui em BC
a razão de minha vinda, de meu retorno,
à cidade em cujas lágrimas de tristeza e dor
tanto me banhei;
a mesma cidade que por mais paradoxal que seja,
tantas alegrias e conquistas me ofereceu...
primeiro beijo, primeiro trabalho
primeira filiação política,
primeiro porre,
primeiras aulas como professor,
primeiras aventuras e quase-mortes,
primeira noite de amor feita nas frias areias da Barra Sul numa
estrelada noite do inverno de 1988,
primeiro tombo de moto,
primeira dor de cotovelo,
primeiros versos,
primeira poesia, primeiros sonhos,
primeira morte,
primeira estrela cadente avistada,
primeiro planeta observado,
enfim
primeiros e primeiras de um quase infinito
de experiências compartilhadas.
E hoje, entre lágrimas de saudade e de Amor,
cá entendo:
quero que meu AMOR beije toda a areia-mulher possível,
pelo infinito dos anos e dias e horas,
tal qual as ondas despejam com fúria ou delicadeza,
todos os dias e horas suas espumas...
Ignorado sei que não o sou ou serei,
amado como já o fui, não pretendo voltar a ser,
mas doando meu melhor a cada dia,
é como se joubert (espuma) e você (areia)
mesmo sem o toque dos feitos a barro,
se amam e completam e tornam unos,
assim como duas vezes ao dia areia e espumas sao um só ser.
Mas outros precisam de ti e de mim.
E voltarei aos meus dias em SP,
e tu aos teus dias,
entre saudade, sonho
e a realidade:
precisamos um do outro.
Do melhor Joubert.
da melhor Heloísa.
Mesmo distantes estaremos juntos.
Não chores ou te culpes.
Cada vez que choras apagas uma estrela no meu céu.
Lembre-se: sou um marujo! Preciso delas.
Cada vez que sorris, me acende uma lua na noite escura do léu.
Eu volto.
E voltarei uma e mais vezes.
Até um dia nunca mais deixar:
BC.
A memória dos meus pais.
Você...
Aos novos leitores um lembrete: Baiser, Kiss e Beso são os três peixes-alados do Capitão – este tal Velho de Barbas Azuis. Phoenix é a lagartixa esotérica que os acompanha; espécie de ouvinte, confidente, assessora, bruxa e tudo o mais. Baiser é o peixe-alado, pintor renascentista, ligeiramente desmiolado por um estúpido acidente cerebral (Ver Episódios do livro anterior). Kiss é o peixe-alado inglês, devorador de livros, filósofo e sociólogo nas horas vagas. E Beso é o Don Juan dos mares e oceanos. Um peixe-alado charmoso, bebum, romântico e libertino. E os acompanha, recém chegado ao Grupo, o Gato Osborne, alcunha Salvador Dalí, fã do Ozzy, babão, sonolento, mimado e cheio de pirações. Juntos estes seres acabam por abandonar a Península Ibérica e cá os encontramos 12 meses depois:
Na parte ocidental e sul do Oceanus Morbidus, na Terra Brasilis, a poucas milhas da Osasco de Ternura – a mítica ex-amante do Capitão e responsável por estes relatos. À ela, à Mah, mulheres todas de minha vida dedico estes novos episódios.
Em um ano muito aconteceu. Foi difícil a ruptura com o Cappo e a Cappa, e todas as pessoas e criaturas do Grupo Alternativa, o oásis-marinho na Terra de Camões. Intensos e benignos dias vivemos em Guimarães, Vila do Conde e Famalicão. Não houve tempo para despedidas. Nem da Grande Chefa Abóbora e sua família, nem de Arlete, Sílvia ex-Meimei, Cris da Póvoa de Lanhoso, Arminda, Mª João e outras mulheres do Capitão...todas ficaram para trás. Melhor assim. Sem despedidas e lágrimas. De crocodilo...Rs Rs Rs
Aportar a nau na S. Paulo de 2005, de meus irmãos, sobrinhos, cunhados e pai, de amigos mil, de pessoas como Má, Mah e Marias tantas não foi fácil! Oito meses se passaram e vos confesso: não compreendo esta cultura.
Os seres são ignorantes, frios, individualistas quando mais precisamos deles. E surpreendentemente simpáticos, solidários, gentis quando menos se espera... Vai entender! Ó raça de seres! O Kiss, nosso cientista-social, é que está adorando. O brasileiro é um prato cheio pros seus estudos.
Por sua vez, Baiser está adorando e curtindo muito os museus, as exposições, os espetáculos que só uma cidade como S. Paulo pode oferecer. E já tenciona expor suas pinturas nalguma que outra galeria ou praça.
E Beso? Nosso “espanhol” está derretendo corações com o seu charme latino. Mas sinto ressaltar que está virando um “galinha”. Fica com todo rabo de Arraia que surge e foge tal qual sabonete de um compromisso mais sério. Sinceramente! (Mas orgulho-me dele! Psiu! Que os demais não me leiam isso...)
Phoenix e Osborne estão “pisando em ovos”. É a primeira vez que vêm a S. Paulo e se assustam com a quantidade de gentes, máquinas, seres e com este calor medonho. E por falar em fauna e flora...
Apresento-lhes a Fada Gambero. É a flor mais bela do Reino dos Camarões, crustáceos e similares. É linda, mas só agora vos apresento por que é um pouco tímida...
A Fada Gambero é amiga de muitos anos do Capitão. Foi testemunha das primeiras viagens deste Velho de azuis barbas. Sabe de tudo que se passa com ele e só não lhe é mais que amiga, por que Camarões e marujos não se bicam muito... Rs rs rs. Apesar de ser um camarão-fêmea é até bem limpinha... Rs rs rs. Inclusive tá a gerar já uma prole de camarõezinhos. Assim o Capitão pode ficar sossegado. É improvável que a Fada Gambero acompanhe os 104 anos que o Velho viverá. E sem dúvida: seus herdeiros a substituirão na vida dele. Herdeiraaas, fêmeaaas, mulheeeres de preferência!
Translúcida, rósea e risonha como todos os camarões, a Fada Gambero é um oásis de alegria pro Capitão e seus companheiros. Juntos rimos muito. Aliás, a risada estridente e heloística da Fada Gambero é conhecida oceanos e mares adentro. Alerto-vos apenas para uma coisa: tenham cuidado! Apesar da aparência ingênua e doce, de varinha de condão e tudo da Fada. Pois ela ainda é um camarão! E quando menos se espera, exala aquele cheiro terrível e fétido, típico dos gamberos, crustáceos e similares...
E não é que a Fada Gambero já está trabalhando pro Capitão?! Pois é! Foi a responsável por apresentar-lhe a Pati Baby, a linda mãe da não menos bela Duda. Seres estes que por ora o Capitão só conhece por internet e pensamentos. Oxalá a Pati Baby – ou simplesmente Bebé pro velhinho aqui – venha a se tornar uma sincera amiga desta “família fantástica” ! Afinal, avisem aos quatro ventos, a Netuno, Mercúrio e companhia: carecemos de novos e sinceros companheiros de viagem!
O Capitão está a dar aulas de Espanhol pras raras espécies que habitam S. Paulo. Mas já se afiguram novos planos. Dificilmente novembro de 2006 os encontrareis aqui. Aquela coceirinha no nariz do Velho já começa a atiçar-lhe novas sensações de mudança. Quem sabe a Fada Gambero não ilumina o Caminho e os oceanos do Capitão...?
Afinal, por ora ainda não se convenceu de que voltar ao Brasil com seus companheiros tenha sido boa idéia. Mas seguiu o seu coração muito mais que os conselhos, I Chings, Tarots, de Phoenix ou as Estrelas e cometas do Céu. O futuro nos dirá.
Voltamos num instante.
Três smacks de Baiser, Kiss e Beso.
O Capitão
Osasco, 15/11/05
Cherie,
Professora!